Mundo Notícias

Ucrânia disparou mísseis americanos contra o território russo, afirmam autoridades do país

Fotomontagem: Reprodução/Redes Sociais e Reprodução/Facebook
Os ataques atingiram bases militares russas e ocorreram no mesmo dia em que Putin modificou a doutrina nuclear do país.

A Ucrânia disparou seis mísseis ATACMS fabricados nos Estados Unidos contra a região russa de Bryansk, poucos dias após o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizar o uso desses mísseis de longo alcance em ataques dentro do território russo, conforme informou o Ministério da Defesa da Rússia em comunicado nesta terça-feira (19).

De acordo com o Estadão, Kiev confirmou ter atingido um depósito de armas militares em Bryansk durante a madrugada, embora não tenha especificado quais armamentos foram usados. O Estado-Maior ucraniano relatou a ocorrência de várias explosões no local.

Agências de notícias russas divulgaram o comunicado do Ministério da Defesa, que detalha a destruição de cinco mísseis ATACMS por parte das forças russas, além da danificação de um outro sistema. Os fragmentos resultantes da ofensiva caíram em uma instalação militar não especificada, causando um incêndio, mas sem vítimas ou danos significativos, segundo Moscou.

O comunicado sobre os ataques ucranianos ocorre no mesmo dia em que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou uma revisão da doutrina nuclear russa, ampliando as circunstâncias nas quais Moscou poderia lançar um ataque atômico contra a Ucrânia e a Otan.

Putin declarou que qualquer ataque convencional à Rússia, realizado por uma nação apoiada por uma potência nuclear, será considerado como um ataque conjunto contra o país. O endosse à nova política de dissuasão nuclear foi feito no milésimo dia desde o envio de tropas russas à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Quando questionado se a nova doutrina foi divulgada de forma estratégica após a decisão de Biden sobre os mísseis ATACMS, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o documento foi publicado “em tempo hábil” e que Putin havia instruído o governo a atualizá-lo no início do ano para alinhá-lo com a situação atual.

A nova doutrina estipula que a Rússia pode utilizar armas nucleares em resposta a um ataque nuclear ou convencional que represente uma “ameaça crítica à soberania e à integridade territorial” da Rússia e de Belarus, sua aliada. A redação é vaga, o que deixa margem para diversas interpretações. No entanto, o texto não especifica se tal ataque resultaria necessariamente em uma resposta nuclear, mencionando a “incerteza de escala, tempo e local do possível uso de dissuasão nuclear” como um princípio fundamental da estratégia. Além disso, o documento afirma que uma agressão contra a Rússia por um membro de um bloco ou coalizão militar, como a Otan, será considerada uma “agressão por todo o bloco”.