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O panelaço e o Bolsonaro

Na última sexta-feira (15), manifestantes realizaram um panelaço contra Jair Bolsonaro. Eles culpam o presidente por crise sanitária no Amazonas, negacionismo da doença e aumento do número de mortes e casos por covid-19.

Em diversos lugares no país deu pra ouvir os sons das panelas, essa foi a forma, além de textos nas redes sociais, que os manifestantes encontraram para demonstrar a insatisfação com o presidente do Brasil em período pandêmico.

O panelaço foi convocado por pessoas nas redes sociais, incluindo políticos, movimentos e artistas.
Em Salvador, capital da Bahia, houve registros nos bairros como Barra, Acupe, Jardim Cruzeiro e outros.

O Boletim Bahia conversou com Ricardo Galvão, jornalista e morador da capital baiana: “Hoje o povo de Salvador quer o Impeachment do Presidente.”, Disse.

Também perguntamos ao jornalista, que tem o posicionamento político mais inclinado para o centro-esquerda, os motivos do panelaço, ele respondeu: “São 2 anos de desastre! Na economia, na cultura, na educação, no social, no meio ambiente, na infraestrutura e, especialmente, na saúde. Bolsonaro zombou, durante estes 11 meses, da COVID-19. De gripezinha a coveiro, passando pelo incentivo de medicações cientificamente comprovadas a ineficácia no combate à doença, como Hidroxicloroquina e Ivermectina, ao não uso da máscara, até declarar que não sabe o que fazer, as falas reúnem milhares de motivos para as dezenas de pedidos que são protocolados na Câmara, desde os primeiros meses de sua gestão. O crime é de genocídio. Até profissionais de saúde entraram, em Julho, com o pedido de condenação penal por este crime no Tribunal de Haia. A situação é grave! Extremamente grave! O Presidente brinca e zomba com a morte de mais de 210 mil pessoas!”.

Em 2015 e 2016 manifestantes também usaram o panelaço junto com gritos de “fora Dilma” para demonstrar a insatisfação com o governo petista.

Atualmente existe uma direita que ‘derrubou’ Dilma, elegeu Bolsonaro e hoje pede o impeachment do presidente. Perguntamos a Ricardo Galvão se ele se juntaria com esses direitistas em uma manifestação:

“Em 2016 existia um ódio ao PT e a forma de Dilma governar, que não dialogada com o Congresso e achava que poderia fazer tudo apenas com a base. O Impeachment, que teve como motivo as pedaladas fiscais, foi aceito e votado pelo Congresso. Apesar de ser um processo democrático e previsto na Constituição Federal, a forma como foi feita, sem a existência real de crime é que não pegou bem e gerou o que a esquerda passou a chamar de golpe. Este discurso do golpe ganha força meses depois da saída de Dilma, com o TCU afirmando que não houve pedaladas fiscais e nem irregularidades. Depois, O próprio STF a inventou dos crimes de Lavagem de Dinheiro e Formação de Quadrilha, ou seja, o Impeachment de Dilma, de fato, foi um golpe.
Golpe este puxado pelo MBL, que junto com o Vem Pra Rua, protagonizaram cenas dantesca que viraram meme depois. O MBL apoiou Bolsonaro em 2018 pelo eterno ódio ao PT. Hoje o Movimento percebe o tamanho do erro que cometeu e agora pede o Impeachment do Presidente.
A diferença de 2016 para hoje é que agora há crimes reais, vários cometidos por Bolsonaro, seus filhos e seus Ministros. O Governo que dizia combater a corrupção, tem mais escândalos, em 2 anos, do que a era PT toda. E a pauta do Impeachment hoje não é só do MBL, Vem Pra Rua ou dos movimentos de esquerda. É uma pauta NACIONAL. É o desejo de cerca de 70% dos brasileiros e, se mão fosse a pandemia, já estaria todo mundo na rua, inclusive eu. Esta é a sorte de Bolsonaro… que não sei até quando vai durar. Povo acuado não é brinquedo!”, Disse o jornalista.

Segundo uma pesquisa da XP-Ipespe, 40% da população considera ruim ou péssimo o governo de Jair Bolsonaro, percentual semelhante ao do início da pandemia de coronavírus, em abril de 2020.